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Tudo o que não se confirmou do “legado” da Copa do Mundo em Natal, passados seis anos

Tudo o que não se confirmou do “legado” da Copa do Mundo em Natal, passados seis anos

Sob os efeitos da pandemia de covid, o tão falado legado da Copa - promessa de ganhos imensuráveis - pode ser resumido hoje a um aeroporto que vai ser devolvido e um estádio sob auditoria

Everton Dantas Por Everton Dantas
21.jun.2020 14:58
Reading Time: 6min. (leitura)

Há seis anos Natal sediou quatro jogos da Copa do Mundo de 2014. Antes disso, o estado viveu uma época de muita expectativa, pelas possibilidades que aparentavam existir diante do fato da capital aparecer para todo o mundo graças ao mundial de futebol.

Passados todos esses anos, nada do que poderia ter acontecido se confirmou. Da Copa para os dias atuais, de positivo mesmo, não há nada que salte aos olhos. Só para citar duas situações, basta lembrar que o aeroporto internacional Aluízio Alves, que tomou o lugar do Augusto Severo, está sendo devolvido pela empresa que o assumiu por falta de retorno financeiro. E vai passar por relicitação.

E a Arena das Dunas, o estádio, entrou recentemente num processo que envolve auditoria e Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), na Assembleia Legislativa. Como se não bastasse, a pandemia – a suspensão de jogos e eventos – derrubou em 80% as receitas da Arena.

A covid também ajudou a reforçar o quadro difícil do aeroporto. Mas não podemos deixar de lembrar que havia um aeroporto na cidade, recém-reformado, operante, que poderia ser usado e hoje não estaria sendo devolvido, já que pertencia à Infraero.

Não havia claro, como adivinhar a crise da covid. Mas não há como negar que essa fatalidade tornou tudo muito pior. Não há como esquecer, inclusive, que naquela época (2013-2014) uma das discussões sustentava que seria melhor construir um hospital do que o estádio.

Talvez nos dias atuais, caso o Estado tivesse optado por uma boa unidade de saúde, não estivéssemos tão despreparados e desesperados em meio a atual pandemia de covid-19. Seria necessário hospital de campanha? Quantos leitos teríamos? Quantas vidas seriam salvas? Como diria Gonzaguinha: “São perguntas tão tolas de uma pessoa / Não ligue, não ouça são pontos de interrogação.”

Da Copa do Mundo em Natal, ao que parece, de legado mesmo só restaram algumas boas histórias (a mordida de Suarez); lembranças pessoais (os jogos foram uma festa); e a constatação de nossa incapacidade para reverter essa vocação de ser um Estado que não pensa seu futuro de forma sustentável e inclusiva.

Não custa lembrar que na época da Copa alardeavam que todos ganhariam com o evento. A situação é tão risível que sequer o pequeno alagamento em frente ao Estádio do ABC foi resolvido em definitivo. Resta torcer – como sempre fazemos pela seleção – que passada a crise da covid, o tal do legado – como num lance inacreditável de futebol – nos surpreenda. E gol. A esperança, essa praga.

Na época da Copa, um pouco antes, todas as terças-feiras eu escrevia textos opinativos para o extinto Novo Jornal. Esta semana encontrei um sobre o assunto. E foi ele a motivação desta postagem. Compartilho a íntegra dele abaixo:

Oração da Copa do Mundo em Natal

Nossa senhora das Copas do Mundo, fazei com que Natal, após este torneio não se torne uma cidade pior. Que permaneçamos assim, com esta violência que assusta, mas que nem de perto se assemelha à dos nossos vizinhos, acima e abaixo. Fazei com que todos os que têm atração pelo crime sintam mais interesse em ir atuar nos estados vizinhos, cujas polícias são mais preparadas para lhes receber. Senhora, na área da segurança, perdoa a eficiência de alguns em praticar greves e em ter transformado isso numa rotina que enfileira mortos sem solução em corredores que se multiplicam e nos devolvem gritos de interrogação.

Nossa senhora dos Torneios Viciados, evitai que piore a situação nas cadeias e que no futuro surja – a exemplo dessas naves espaciais esportivas que brotaram no centro, ao lado, fora das cidades – estruturas maiores e mais eficientes para que esses homens e mulheres vítimas das maldades do crime e de si próprios, consigam reverter sua sina e retornar ao seio da sociedade. Nosso senhor dos Negócios Futebolísticos, fazei com que tudo que está mudando nessa nossa região perdida se reverta realmente em benefício grande para o povo e que – ao contrário do que ocorreu na África – as riquezas realmente se espalhem e sejam compartilhadas por pessoas simples que alimentam hoje o sonho de melhorar um pouco de vida graças a essa bola que vai rolar. Bola no bom sentido (of course!).

Nossa senhora da Mobilidade Urbana, protegei os nossos comerciantes da fome voraz da Federação e de suas cervejas patrocinadoras para que as carnes do Bidoca, os postos de gasolina, os Mangais e demais estabelecimentos próximos à Arena também sejam recompensados nesses dias que a prata e o ouro de diferentes locais do mundo vão correr fluente por nossas ruas e riachos.

Na Copa do Mundo em Natal, a chuva derrubou parte de Mãe Luíza. Foto: Everton Dantas
Na Copa do Mundo em Natal, a chuva derrubou parte de Mãe Luíza. Foto: Everton Dantas

Nossa senhora dos Grandes Eventos, fazei com que as câmeras, as milhares de câmeras instaladas pela cidade não flagrem catástrofe alguma e que tudo passe ao largo desta cidade onde a imagem da santa veio pelo rio e até hoje alimenta a lenda. Fazei com que os incidentes sejam apenas micos sem maior significação e que a falta de preparo não seja flagrada em curso após algum acontecimento de maior proporção para o qual não temos condição de prestar o devido socorro.

Nosso senhor das Interdições, vai por mim, ouve esse pobre que vive a rotina do dia-a-dia deste local: a cidade é pequena, está cheia de obras e entupidas de carros, não há hospitais suficientes e os médicos – diga-se de passagem – não estão muito no clima da cooperação. Assopre para longe qualquer possibilidade de catástrofe. Mantém o mundo enganado, achando – após o campeonato – que a cidade se comportou brilhantemente. Esconde para debaixo das franjas da capital a sujeira e a violência que residem em algumas áreas, principalmente por causa das drogas.

Mantém nossas polícias firmes na crença de que as drogas explicam todo e qualquer crime, como se um drogado não fosse um ser humano, como se fosse o suficiente saber isso somente. Como se não importasse saber que por trás de cada morte, ligada à droga, ao roubo ou a uma corrida de lagartixa, haverá sempre um assassino. E que se o crime não é solucionado, esse assassino viceja e reproduz. Faz com que permaneçamos sem pensar nisso.

México e Camarões, no dia 13 de junho, foi debaixo de muito chuva. Foto: Everton Dantas
México e Camarões, no dia 13 de junho, foi debaixo de muito chuva. Foto: Everton Dantas

Nosso senhor dos Terroristas, fazei com que durante o torneio e – principalmente – o jogo da seleção norte-americana não seja alvo sequer de um equivocado arremesso de dindim de uva que acerte em cheio algum jogador. Faz com que reavivam nas nossas mentes as lembranças dos nossos “brothers” e que aqui eles sejam tratados como nossos parentes, o que quase foram para muitos.

Nosso senhor dos Cagados, mantém Natal assim, essa cidade pequena e sortuda, por ter tanta beleza e tanta gente besta junta, protegida do crescimento graças à incompetência dos nossos governantes e à cordialidade dos nossos eleitores. Mantém esta cidade assim, tão pequena e tão ingênua, a discutir bobagens e impedir montagens, a zelar por prédios históricos que guardam lixo; a orar pela desgraça dos outros; a alimentar a inveja dos que fazem pouco e fútil sucesso; a valorizar as moscas; e a permanecer fazendo essa mágica de inverter o sentido das coisas (a feia que se quer bonita; o corrupto que ser quer honesto; o antipático que se quer líder carismático; o ladrão que se quer polícia; o ladrão que se quer juiz; a injustiça que se faz justiça; a mediocridade que se quer genial; a falta de mérito que se quer louvada)…

Enfim, essa sorte imensa de viver assim à beira do mar, como índios eternamente redescobertos por portugueses, espanhóis e holandeses; todos se fazendo de doidos para passar melhor. Nossa senhora da Fifa, não somos dignos de te pedir nada. Por lei e direito, somos teus devedores. Amém.

Tags: Copa do Mundo em Natalcrônicadestaque

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